Foi apresentado, no passado dia 9 de setembro, pelo presidente do Conselho de Arbitragem (CA) da Federação de Patinagem de Portugal, Orlando Panza, o balanço do Sistema de Revisão Vídeo (SRV), que foi testado, na semana passada, na Elite Cup.
Orlando Panza começou por revelar que depois do estudo que levou «mais de ano e meio, chegámos agora a uma parte prática em que começamos a testar o sistema» e explicou que a opção de «utilizá-lo numa competição com 12 jogos altamente competitivos foi para verificar a validade do sistema».
Passando às conclusões, o dirigente referiu que «tivemos 39 situações analisadas, das quais 46% – ou seja 18 – foram revertidas as decisões arbitrais, sendo que 21 delas foram mantidas e, de todas estas decisões (as 39), consideramos que tiveram uma taxa de acerto de 95%» o que significa que «só duas decisões de manter ou não, foram consideradas por nós, Conselho de Arbitragem, não serem as melhores decisões».
Orlando Panza explicou ainda que «em quatro situações manteve-se a decisão em pista porque não tivemos imagens conclusivas que nos permitissem alterar ou validar a decisão». «Isto revela que, com 95% de acerto nas decisões analisadas, nos garante uma grande capacidade do próprio sistema».
Como limitações, o presidente do CA referiu que «verificaram-se algumas paragens, algumas delas longas, que queremos corrigir pois é um fator que afeta um pouco o jogo». No entanto Panza destacou que «a aceitação generalizada, a grande percentagem de acerto e o que foi detetado no local – que foi uma diminuição generalizada das reclamações durante os jogos – são fatores que considerámos altamente positivos e que poderão utilizados no futuro».
Em relação à implementação do sistema no futuro, o dirigente identificou algumas dificuldades que são necessárias ultrapassar «como a questão financeira, pois a implementação do SRV representa um acréscimo financeiro bastante significativo».
Outra questão prende-se também com o risco das «próprias decisões dos árbitros por, muitas das vezes, não poderem assumir a própria decisão, mas ficarem à espera de uma eventual revisão».
Aqui o que pode acontecer é «em vez de ter uma arbitragem, passarmos a ter uma arbitragem de vídeo, portanto é uma ameaça que consideramos que possa acontecer também à própria arbitragem», mas por outro lado, «liberta a tensão e a excessiva carga de responsabilidade que os árbitros têm neste momento no jogo». Panza acredita que o protocolo também terá de ser «reformulado porque identificámos situações que não queremos para o futuro».
Orlando Panza considerou «que este foi um teste altamente positivo. Posso considerar mesmo um sucesso, não no sentido de ser tudo perfeito, mas de que nos permitiu ter ferramentas que, no futuro, possam ser utilizadas, melhoradas e trabalhadas». «Termos aqui efetivamente uma ferramenta que nos pode ajudar naquilo que é a melhoria da verdade desportiva, a capacidade do trabalho dos árbitros e que evite erros dentro da pista que é isso que todos queremos para o futuro do hóquei em patins».
O dirigente revelou ainda que o teste do SRV teve «uma aceitação generalizada dos clubes, com muitos dirigentes e treinadores a darem pessoalmente o feedback de uma forma altamente positiva do sistema e principalmente, da evolução tecnológica que estamos a tentar implementar», sem esquecer que «obviamente todos estamos conscientes ainda das limitações do sistema». «Foi o primeiro teste, portanto é normal que surjam situações que não tinham sido pensadas ou que não eram expectáveis e outras que foram usadas de acordo com o protocolo que tínhamos que talvez, no futuro, não o deverá ser. Mas é para isso que servem os testes, para identificar as situações, corrigir erros e tentar melhorar».
Quanto à utilização do sistema em pleno, nos jogos da primeira divisão, Panza explicou que «temos dois pontos essenciais: um é componente técnica do protocolo, que penso que será um aspeto mais capaz e mais rápido de ser afinado ao longo do tempo. Depois temos a questão financeira à qual não podemos fugi, porque envolve valores elevados e tem de haver um passo financeiro sustentável para se conseguir implementar». «Esperamos que essas condições sejam criadas a breve trecho, mas nesta fase, não vou arriscar uma data. Esperamos que seja para breve porque é uma ferramenta que vem ajudar».
O dirigente enfatizou ainda que «este não é o foco principal da arbitragem, nem esta é a situação que nos vai resolver todos os problemas da arbitragem. Esta continua a fazer o seu trabalho tal qual como faz de melhorias técnicas, físicas e psicológicas, portanto é nesse foco e é essa a principal linha de ação do Conselho de Arbitragem e esta poderá ser uma ferramenta que venha ajudar todos».
Os treinadores do FC Porto/Fidelidade e SL Benfica, estiveram presentes na conferência de imprensa de antevisão da Supertaça António Livramento, consideraram ambos que o SRV pode ser uma ferramenta importante para o futuro da modalidade.
Para Ricardo Ares, este «é o caminho a seguir, mas é evidente que tem muitas situações a melhorar, como acontece a algo que é testado pela primeira vez. Seria interessante e bom que fosse para a frente», disse.
Do lado das águias, Nuno Resende referiu que o SRV «pode ser uma ferramenta interessante» e acrescentou que «o jogo ocorre a uma velocidade vertiginosa e não é fácil o desempenho dos árbitros. Deve ir-se mais a fundo no que é a preparação física e psicológica dos árbitros portugueses, que considero serem os melhores a nível mundial».