Decorreu, a 23 e 24 de maio em Turquel, o Torneio OIST, evento de dois dias no qual participaram atletas observados nas ações realizadas nas Associações Territoriais. No total competiram 40 atletas, divididos em três equipas masculinas e uma feminina.

O Diretor Técnico Nacional (DTN), Nuno Ferrão, explica que este torneio enquadra-se no trabalho realizado «de acompanhamento e observação de jovens nas várias associações», trabalho esse encarado, numa primeira fase – no que diz respeito por exemplo aos femininos – «na observação de atletas que não competiam porque eram equipas mistas e não as conhecíamos», mas também para «promover e começar a perspetivar as seleções futuras».

Outro dos objetivos do trabalho efetuado prende-se com a «aproximação às Associações, no enquadramento e na cultura de jogo, de forma a conhecer os jogadores e identificar atletas para acompanhar nas competições nacionais», para além de «ter uma perspetiva a médio e longo prazo, no sentido de alimentar as seleções jovens e seniores». Trabalho esse que dá frutos: «posso dizer que na seleção sénior, neste momento, muitos dos jogadores passaram por este projeto».

Com este enquadramento, a evolução foi notória ao longo do tempo com as «observações que vão sendo efetuadas, onde são realizados treinos bidiários (manhã e tarde) divididos em duas partes: «uma parte mais de componente técnica e outra com um pouco mais de tática coletiva» e, em 2016 «tentámos começar a estimular este torneio numa concentração nacional de representatividade de todas as Associações, de forma a interagirem com os colegas e para podermos começar a fazer uma promoção do desenvolvimento do trabalho a nível regional».

«Com este processo das seleções de talentos, permitimos que as associações comecem a preparar os Inter-regiões com um e dois anos de antecedência identificando os atletas, acompanhando e fazendo treinos com regularidade, o que promove a melhoria das equipas e o seu desempenho qualitativo», frisa.

Nuno Ferrão, Diretor Técnico Nacional | ©2022 Catarina Maria/FPP

O DTN não tem dúvidas que este é «um estímulo, uma ante camara e, no fundo, é a primeira triagem resultante da observação dos atletas, no acompanhamento a médio e longo prazo, tanto das seleções regionais como das nacionais».

«O nosso objetivo não é apenas identificar os melhores. É trabalhar gerações para garantir qualidade. Há gerações com níveis diferentes e este trabalho permite-nos identificar as lacunas existentes, nomeadamente nas posições específicas», sublinha.

Nuno Ferrão salienta que este ano, depois da pandemia «voltámos a recuperar e a termos um conhecimento dos jogadores – não só do como trabalham no âmbito do clube – mas também do nosso trabalho de hábitos no que diz respeito ao saber estar, saber conviver com os colegas e interagir entre as dinâmicas», algo «claramente fundamental este ano, uma vez que foi uma forma de fazer a triagem e também a avaliação das perdas ou dos ganhos de dois anos em que não houve competições».

«Outro lado interessante neste processo do Torneio dos OIST é conseguir interagir com diferentes realidades de jovens naquilo que é também uma questão comportamental, ou seja, não só a componente hoquistica de jogo, mas também sintonizá-los numa componente de saber estar, num espírito de seleção e de representação de Portugal», explica.

Sobre a relevância de ter uma equipa feminina no torneio, o DTN refere que o objetivo é «dar mais momentos competitivos a uma geração» que este ano já participou nos Inter-regiões masculino e feminino. Desta forma pretende-se «estimular e dar condições para que estas raparigas possam jogar juntas e enquadradas num nível competitivo equitativo».

Ainda sobre a equipa feminina, Ferrão acrescenta que «pretende-se que haja competitividade, mas que não haja uma grande diferença qualitativa, nomeadamente por causa de um handicap que há no feminino: as atletas participam no campeonato misto que tem prevalência até aos Sub-15, continua a ter nos Sub-17, mas começam a ter mais dificuldades e vão jogar para o hóquei feminino. Quando transitam para o hóquei sénior há uma lacuna no processo formativo».

E dá um exemplo: «uma das componentes que aqui valorizamos e estamos a tentar estimular é que as atletas tenham a capacidade de assumir o jogo e de jogar entre raparigas – uma vez que só estão habituadas a jogar com os rapazes sendo que, quando jogam com os rapazes, normalmente não têm de assumir o jogo. É aqui que estimularmos a dinâmica do hóquei feminino. Não é só a questão motivacional porque a motivação existe. É dar-lhes também condições de evolução».

Nuno Ferrão faz questão de sublinhar o facto de existir «uma componente muito pedagógica no sentido de não evidenciar este trabalho como a seleção nacional ou que quem sai daqui é que vai chegar à seleção nacional, não é esse o caso. Mas sabemos que é necessário haver triagem e estímulos para o desenvolvimento. Aqui estão os atletas de cada Associação com mais condições, resultantes das observações realizadas nas ações regionais». Daí a razão da decisão de abrir o leque de atletas e ter «a perspetiva de dar oportunidade a todas as Associações».

No que diz respeito ao futuro, o DTN enfatiza que «o facto de muitos atletas da seleção nacional terem passado por estes passos, é um bom indicador». «Sabemos que o hóquei nestas idades não é fácil de aparecer gente nova (porque é uma idade que já não está na janela de captação de novos atletas), como tal é preciso mantê-los e estimulá-los. E esse é o grande objetivo: manter, estimular e tentar que as Associações façam o trabalho de desenvolvimento a nível local, para melhorar na globalidade».

 

Resultados | dia 1
Grupo 1 – Femininos 0 x 3 Grupo 4 – Norte
Grupo 2 – Sul 2 x 2 Grupo 3 – Centro

Resultados | Dia 2
Grupo 2 – Sul 5 x 3 Grupo 1 – Femininos
Grupo 3 – Centro 0 x 0 Grupo 4 – Norte
Grupo 1 – Femininos 1 x 3 Grupo 3 – Centro
Grupo 4 – Norte 4 x 2 Grupo 2 – Sul