A seleção nacional masculina sagrou-se, esta noite, na Argentina, vice-campeã do mundo, depois de perder o jogo da final, frente à equipa anfitriã, por 2-4, num Aldo Cantoni completamente lotado.
Os primeiros minutos de jogo foram muito intensos, com Portugal a trocar bem a bola, com passes longos. O primeiro remate do jogo pertenceu a Gonçalo Alves, obrigando à defesa de Conti Acevedo. Com a toada do jogo favorável, a equipa das quinas marcou muito cedo, ao minuto 23, por Henrique Magalhães.
O jogo continuou partido, com uma ligeira ascendência de Portugal que defendia bem e cortava os remates de longa-distância dos argentinos. Depois de um período de alguma pressão portuguesa, foi a vez da Argentina começar a pressionar mais, dando algum trabalho a Girão.
Portugal continuou com frieza na transição de bola e, ao minuto 9, Henrique Magalhães perfez o segundo da seleção, através de um remate colocado, depois de uma bela ação coletiva. A pouco mais de um minuto para o fim do primeiro tempo a Argentina reduziu, levando as equipas para o intervalo com o resultado de 2-1, favorável a Portugal.
No tempo complementar, o conjunto Luso voltou a entrar determinado, com boa receção e passe de bola quando, com seis minutos jogados, Telmo Pinto vê o cartão azul e a Argentina marcou o golo do empate. Portugal reagiu bem ao golo, continuando a procurar a baliza argentina, obrigando Acevedo a intervir.
A partir deste momento, a Argentina intensificou a pressão, com o jogo a tornar-se mais intenso e duro fisicamente. A 11 minutos do fim, uma perda de bola na zona central, levou ao terceiro da Argentina.
O golo permitiu aos argentinos começar a jogar com o cronómetro, enquanto Portugal teve de patinar atrás do prejuízo, subindo mais no jogo, sempre com o sentido na baliza adversária, mas a não conseguir finalizar.
A um minuto e meio do fim, o jogo tornou-se frenético: Portugal arriscou tudo, com Garrido a tirar Girão para jogar a reta final com cinco jogadores de campo. No entanto, os sul-americanos conseguiram recuperar uma bola e marcaram o quarto e último golo, arrecadando o seu sexto título num mundial.
Portugal lutou até ao fim, mas não teve a sorte do jogo em diversas ocasiões e sai, deste mundial com exibições de um hóquei em patins de excelência.
No final do jogo, Hélder Nunes revelou que os jogadores estão «satisfeitos pelo mundial que fizemos», mas «muito tristes por sair daqui com o segundo lugar». «Sentimos que merecíamos mais, fomos uns senhores. Começámos o jogo a ganhar 2-0 a aguentar tudo e mais alguma coisa, inclusive agressões que claramente se veem na televisão: uma a mim, duas ao João. Cada um que tire as suas próprias conclusões. A mim, resta-me dar os parabéns à Argentina pelo mundial excelente que criou e a envolvência à volta da sua seleção».
O jogador fez questão de aproveitar para «desejar as rápidas melhoras ao Pascual. Foi uma lesão triste até para nós, é uma pessoa querida dentro do mundo do hóquei e infelizmente aconteceu-lhe aquilo».
Sobre o futuro, Hélder Nunes afirmou que «temos uma geração jovem, com muita experiência porque jogamos juntos há muitos anos» e que a seleção vai «continuar a trabalhar». «Temos muita garantia de futuro no nosso país e é aí que nos agarramos, ao nosso trabalho diário e aos resultados que temos feito nos últimos mundiais. Esta geração sabe ganhar e sabe vender cara a derrota. Para o ano e daqui a dois anos, cá estaremos, a dar tudo por Portugal, para estar novamente na final», disse.
Para o capitão das quinas, João Rodrigues, este foi um jogo «decidido até ao fim. Acho que foi uma grande final, pena algum desrespeito da parte da Argentina para com a seleção portuguesa, com o hino (cortado pela metade), com a bandeira ao contrário e com uma série de coisas que fica mal a esta organização. Não tirando o mérito à vitória da Argentina, porque foram um grande conjunto de jogadores ao longo da competição».
O jogador considerou que «é pena que – na minha opinião – e digo isto abertamente, não para tirar o mérito à Argentina – as arbitragens não tenham tido a coragem de expulsar jogadores ao longo desta competição. Na final foram vistas muitas agressões. Enquanto o hóquei não respeitar os intervenientes e enquanto as agressões não forem punidas, vamos continuar a sentirmo-nos envergonhados na nossa modalidade e não é isso que queremos».
Rodrigues sublinhou que a seleção teve «uma prestação digna, fizemos um grande Campeonato do Mundo. Não nos deixaram fazer mais, é a sensação com que fico».
«Naturalmente temos de tirar ilações porque estivemos a ganhar 2-0, podíamos ter gerido o jogo de outra maneira, falhámos algumas ocasiões para dilatar o marcador. Estamos tristes, vão ser dias complicados, mas tenho um orgulho enorme em cada um dos meus colegas, porque fomos uns heróis tendo em conta todas as circunstâncias que aqui vivemos hoje», concluiu.
Na análise ao jogo, o selecionador nacional, Renato Garrido, explicou que foi «uma primeira parte muito bem conseguida, outra parte onde sabíamos perfeitamente que ia haver uma reação da Argentina. Acho que foram mais felizes em alguns lances do que nós e não nos permitiu voltar a ganhar o título. Resta-me dar os parabéns à Argentina por serem os novos campeões do mundo».
O técnico referiu algumas situações «como no início do jogo, o hino de Portugal não ter tocado até ao fim, mas mantivemo-nos bem focados dentro do jogo e não posso deixar de dizer que foi uma atitude, coragem e garra incríveis da nossa parte».
Garrido é da opinião que durante o jogo da final «muitas agressões passaram ao lado. Não me vou agarrar a essas desculpas, mas sabemos que os jogadores que estiveram aqui são profissionais ao mais alto nível e, se calhar, a arbitragem também tem de passar por isso para cada vez ser mais profissional. Todos o desejamos, mas não é a isso que me vou agarrar, mas sim a uma atitude fantástica que tivemos, sem ter a felicidade que tivemos em Barcelona».