Terminou na semana passada, em Turquel, o Torneio OIST que marcou o fecho das ações de Observação, Identificação e Seleção de Talentos (OIST) realizadas a nível nacional. A competição juntou um grupo de 40 atletas (três equipas masculinas e uma feminina) com jovens selecionados das ações OIST realizadas em todas as Associações de Patinagem que puderam vivenciar, nestes dois dias, o ambiente que se vive em contexto de seleção nacional.
Este ano, participaram atletas masculinos nascidos em 2009 e femininos nascidas entre 2007 e 2010. Neste último caso, a maioria participou também na equipa OVF – Observar e Validar o Futuro, no inter-regiões masculino deste ano, naquela que foi mais uma ação enquadrada no plano de desenvolvimento do Hóquei em Patins Feminino
No final do torneio, o Diretor Técnico Nacional, Nuno Ferrão, explicou que este é «o culminar do processo dos OIST» depois de terem sido realizadas «as observações nas várias associações com equipas masculinas e femininas». Esta iniciativa tem por objetivo permitir «ter um ponto de comparação do nível qualitativo entre atletas das várias regiões de forma a aferir o patamar evolutivo por geração».
Segundo Ferrão, «nesta geração nota-se ainda alguma falta de experiência competitiva fruto das sequelas da pandemia – nomeadamente aqueles jogadores que ainda não tiveram momentos competitivos de último ano ou nos Sub-15». Este ano houve a aposta «nos atletas de 2009 visando ter um ponto de aferição para a geração desse ano, que nos permita perspectivar o que vai acontecer nas seleções daqui a dois anos» pois, «muitos destes miúdos podem estar numa seleção de Sub-17, logo este é o nosso primeiro indicador».
O DTN referiu que «nota-se o desenvolvimento da maioria das associações» e lembrou também que «muitas vezes os atletas observados resultam da qualidade inata de cada geração».
«Foram identificadas algumas debilidades a nível das componentes técnicas e tática individual que necessitam de ser melhoradas, para se recuperar alguns conteúdos táticos que já deviam estar assimilados nesta altura». Nuno Ferrão explicou que isto significa que é necessário «focar mais na componente técnica para dar bases ao atleta que lhe permitam desenvolver competências táticas no futuro que, se não forem agora recuperadas, podem limitar o seu desenvolvimento». «Há jogadores com qualidade, há talento, mas ainda se nota uma diferença de qualidade entre algumas associações».
Para o DTN o Torneio OIST é fundamental e explicou porquê: «para criar algumas rotinas, estimular e validar as necessidades de um atleta de alto rendimento, em particular um jogador de hóquei a médio/longo prazo», realçando que cada vez mais «as componentes para além do efetivo desempenho no jogo são fundamentais, como os hábitos de trabalho no treino, o descanso e a alimentação». No seu entender, esta criação de hábitos «é fundamental e este torneio permite-nos identificar essas características, educarmos, estimularmos e validarmos este processo. Por outro lado, dá-nos indicadores de comportamentos sociais e de interação entre os jogadores, que nos permitem definir os seus perfis para além do seu desempenho desportivo».
Ferrão reforçou que a formação desportiva dos jovens atletas «não se circunscreve apenas ao desempenho individual ou coletivo dessa equipa no jogo, mas também num conjunto de valências humanas, sociais e psicológicas tão ou mais importantes do que o ato do jogo» e sublinhou que essas «são competências transversais, não só à prática desportiva, mas também à vertente humana, social e de personalidade destes jovens na sua vida».
«O que queremos é formar hoquistas que depois, uns vão tornar-se grandes jogadores, outros podem ser treinadores de qualidade, árbitros ou pessoas apaixonadas pelo hóquei e que saibam retirar as mais-valias que obtiveram de jogar hóquei. No futuro, irão dar continuidade e promover a integração dos seus filhos ou de outros familiares. Este é o aspeto mais universal das mais-valias do desporto», acrescentou.
O DTN explicou ainda que «um atleta representar a seleção nacional não se circunscreve apenas ao seu desempenho dentro da pista, mas o de representar o país». Como tal, a Federação de Patinagem de Portugal «tem como princípios os bons comportamentos, a boa imagem, a educação, o civismo e isso, nós referenciamos e utilizamos estes momentos para reforçar. Por exemplo: esta é das primeiras vezes que estes atletas vão estar fora do seu ambiente familiar ou do clube, a dormir com um colega que conheceram aqui e têm de coabitar e saber respeitar o espaço. São estes também os indicadores de aprendizagem que reforçamos e transmitimos, porque é a nossa tarefa nesta altura», concluiu.